
Empreendedorismo
Saber-saber, saber-fazer, fazer-saber e fazer-fazer
Na década de 90, durante uma pesquisa de mercado, entrevistei o gerente de um pequeno shopping e quando entramos no tema funcionários ele falou do desafio de encontrar pessoas que atendessem seu critério de seleção baseado nos seguintes princípios: saber-saber, saber-fazer, fazer-saber e fazer-fazer.
Diante da minha surpresa ele explicou: saber-saber é a habilidade de aprender o que é prioritário para a tarefa que se vai enfrentar. Saber-fazer é a habilidade de executar na prática o que se aprende na teoria. Fazer-saber é a habilidade de transmitir o saber-fazer e verificar se a instrução chegou com a qualidade esperada.
E por último o fazer-fazer seria a habilidade de conseguir motivar as pessoas a executar as instruções de acordo com o objetivo inicial. Poderíamos chamar de habilidade de liderar, ou de ajudar os colaboradores a alcançar o comportamento necessário para aquela situação.
Paulo H. Wedderhoff
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Autodidaxia: a diferença que a leitura faz
A cada nova turma na disciplina de Fundamentos da Administração na Faculdade, eu pedia, no primeiro dia de aula, que os alunos preenchessem, à mão, um breve currículo com foto para facilitar a ligação entre nomes e rostos. Entre os dados e perguntas sobre as expectativas relativas ao curso, eu pedia uma lista dos livros que cada um lembrava de ter lido. Nome do livro, tema e autor.
Apesar da idade variada dos alunos, suas listas eram geralmente muito curtas. Felizmente, quase sempre, havia algum aluno ou aluna que mencionava alguns títulos que eu valorizava sempre que possível.
Para ajuda-los a perder o receio de falar em público, pedia voluntários para uma breve leitura do dia. Eram artigos de revistas em torno dos temas do currículo. A desenvoltura e a clareza de quem já havia lido alguns livros era notória.
Após a leitura eu agradecia a colaboração e sensibilizava os demais para treinar em casa para quando chegasse sua vez. Só era possível repetir voluntários após todos terem tido sua oportunidade de ler para os demais.
Na primeira semana, sob a desculpa de publicar as notas dos exercícios de cálculos, eu publicava, ao lado das notas, o número de livros declarados como lidos pelo aluno ou aluna. A intenção era ajudar os não leitores a perceber que quem lia mais se saia melhor em quase todas as atividades em sala.
Somos todos responsáveis por achar meios de incentivar a leitura e não há melhor tática do que o exemplo. Cada novo leitor significa mais uma pessoa com a capacidade de analisar criticamente o seu meio e construir a si mesmo de modo a contribuir para a melhoria do mundo em que vivemos.
Autodidaxia é o exercício de ensinar a si mesmo; de aprender sem professor.
Paulo H. Wedderhoff
Aprender a Empreender
Como professor da disciplina de Fundamentos da Administração no Curso de Administração de Empresas, eu costumava fazer a cada nova turma o seguinte questionamento:
- Que resposta você daria para a pergunta: - Qual o antônimo de estar empregado?
Nas várias turmas que lecionei e nas palestras a estudantes de outras faculdades, a resposta da maioria era sempre a mesma:
- Desempregado!
Eu invariavelmente respondia: - Será?
A perspectiva de um emprego é uma preocupação antiga que permanece atual, pois vivemos em uma sociedade de consumo baseada no sistema de trocas. Trocamos nosso tempo e talento por dinheiro e depois trocamos nosso dinheiro pelos produtos e serviços que nos interessam.
Olhando para o passado podemos deduzir que a maior preocupação dos nossos ancestrais era buscar alimentos; encontrar um local protegido para passar a noite; proteger-se de animais e – infelizmente - de outros humanos perigosos.
À medida que as pessoas aprenderam a caçar, fazer armas, roupas de couro e ferramentas, já não tinham tanto tempo disponível para conseguir comida e isso deve ter disparado o processo de troca. Podemos até imaginar o diálogo:
- Vocês vão caçar o jantar enquanto a gente prepara o almoço. Eu fico por aqui lascando pontas de lança e protegendo as cozinheiras.
Durante milênios, antes da invenção de um padrão de valor chamado moeda, cada pessoa produzia ou extraia algum produto e trocava por coisas que necessitava. Não havia supérfluos; a vida era simples. Alguns plantavam, outros faziam armas, utensílios, roupas e outros bens necessários à vida da época. Como não havia água tratada, o vinho para misturar e desinfetar a água deve ter feito o maior sucesso na época.
À medida que a vida foi se tornando mais complexa, as pessoas passaram a trocar o que sabiam fazer por aquilo que necessitavam, mas não sabiam fazer ou não tinham tempo para fazer.
Hoje em dia são raras as pessoas que plantam seus próprios alimentos, costuram sua própria roupa, fazem seus instrumentos de trabalho, sua moradia e ainda criam cavalos como meio de transporte próprio.
Periodicamente testemunhamos o aparecimento de novos produtos e serviços que procuram tornar a vida mais agradável, confortável e segura. Roupas melhores, alimentos mais agradáveis, meios de transporte individuais, planos de saúde, apartamentos, casas em condomínios e muitos outros bens e serviços disponíveis para quem tiver meios de fazer a troca que os fornecedores propõem. A invenção da moeda acabou por substituir o termo trocar pelo termo comprar.
Com o aumento da oferta, os concorrentes passaram a anunciar seus produtos. Era o início da era da propaganda. Com os anúncios, mais pessoas descobriram novos produtos e serviços e isto ampliou o consumo, que criou emprego, que gerou consumo e assim sucessivamente.
Esta é uma das razões porque buscamos algum meio de trocar o que sabemos fazer, por dinheiro, para comprar o que queremos, mas não sabemos fazer ou achamos que não vale a pena produzir com nosso próprio tempo.
Isto posto, voltemos à nossa pergunta inicial: - Qual é o antônimo de estar empregado?
Como disse, a resposta que mais ouvimos é: - Estar desempregado!
Esta parece uma resposta coerente para a maioria dos respondentes, contudo, ocorre que não é possível que esta resposta esteja totalmente correta, pois há um antônimo mais preciso para o status de estar empregado.
A resposta é: - Estar empregando!
Não parece lógico? Se hoje sou empregado de alguém; o contrário desta condição é eu me tornar o empregador deste alguém ou de um outro alguém.
O bloqueio mental que dificulta nossa visão imediata da resposta ideal demonstra que não costumamos pensar em empreender. Nosso pensamento transita entre o emprego e o desemprego, sem considerar o auto-emprego.
Pode ser que uma das razões pelas quais temos dificuldade de pensar na resposta correta, esteja no fato de que com raras exceções, as nossas escolas nos preparam para sermos empregados de alguma organização privada ou pública. Pouco ou nenhuma ênfase é colocada na formação da mentalidade empreendedora. Portanto, parte do problema é que não somos instruídos para pensar em empreender.
Por isso não deveríamos nos surpreender com o elevado nível de desemprego em “nosso” País – o grifo é meu pois estou cansado de ouvir pessoas falando – do nível de desemprego “deste” País como se o país não fosse deles também.
Uma das razões, para o elevado nível de desemprego, “em nosso país” pode estar no fato de que um enorme contingente de pessoas emprega seus esforços procurando empregos enquanto um pequeno número de pessoas se esforça por criá-los.
Muita gente só pensa na alternativa empreendedora quando fica totalmente sem saída.
- Ao criar uma empresa, de quem é o primeiro emprego?
- É do empreendedor! É lógico que em lugar de salário, ele terá um pró-labore. Em lugar de pedir aumento ele terá que decidir o quanto o empreendimento poderá pagá-lo sem se descapitalizar. Em lugar da insegurança do emprego ele terá a insegurança da repetição do pedido por parte do cliente. Mas, apesar de todas as dificuldades, são raros os casos em que os empreendedores gostariam de voltar a ser empregados.
Em 2015, por meio da pesquisa de Demografia das Empresas o IBGE divulgou que 60% das empresas com pouco mais de 5 anos fecham suas portas. Isto parece demonstrar que nossas organizações escolares e empresariais não preparam empreendedores ou não os preparam com deverian.
Está na hora de mudarmos nosso padrão mental. Nossas organizações escolares precisam rever seus currículos e manter incubadoras para que empreendedores possam testar idéias, produtos e serviços, com aconselhamento especializado e sem incorrer em gastos iniciais.
Antes de assumir a disciplina de Fundamentos de Administração no curso de Administração de Empresas tive a satisfação de fazer algumas aulas como professor voluntário no Hotel Tecnológico do CEFET-PR em Curitiba. Neste "hotel empresarial", os alunos, cujos projetos eram aprovados, tinham a oportunidade de usar, sem custo, um espaço de aproximadamente 3 por 4 metros, com uma bancada, um armário, cadeiras, um telefone, um computador, acesso à Internet, conta de e-mail e acesso ao laboratório de mecânica e eletrônica.
Após alguns meses e devido à dedicação dos jovens empreendedores, algumas empresas cresceram tanto que já não era mais vantagem para elas operar dentro das limitações do CEFET. Como seu faturamento já comportava um aluguel, elas se mudaram para locais próximos de modo a manter contato com a estrutura do CEFET.
Mas, por onde começar?
Não há duvida que o melhor começo é na empresa de alguém, pois isto reduz enormemente o risco de cair na malha da elevada taxa de mortalidade infantil entre empresas, por absoluta falta de experiência. O ideal, ao começar a carreira trabalhando para uma empresa, é comportar-se no emprego como se a empresa fosse sua. Se você “pensar o negócio” como se fosse seu, o aprendizado será infinitamente maior. Lembre que você estará recebendo um salário para aprender e aplicar o que aprendeu.
Feliz será o empresário que souber motivar o colaborador a agir com o mesmo carinho que teria se a empresa fosse sua e que saiba reconhecer os colaboradores que demonstrarem tal grau de interesse.
Feliz será o funcionário que souber agir como se a empresa fosse sua, mesmo que o empresário não tenha despertado para as vantagens de ter alguém ajudando a pensar o negócio como se fosse sócio.
Se você ainda não é um empreendedor, lembre-se destas sugestões quando você se tornar um empresário ou uma empresária. Se já é, pense em como aplicá-las. E faça bons negócios!
Quer você comece na empresa de alguém ou na sua própria, lembre-se de agir como um bom técnico de futebol. Descubra talentos para cada uma das posições chave. Um time que só tem defesa ou que só tem ataque, pode não chegar ao final do campeonato! Jogar bem é importante, mas jogar em equipe é fundamental.
Achar um sócio graduado em administração; fazer uma graduação em administração ou uma pós-graduação pode ajudar a ampliar sua visão de negócios. O SEBRAE também tem programas muito bons para quem quer iniciar ou expandir um negócio.
Abra os olhos, olhe em volta, tanto dentro como fora da empresa, conheça os clientes, descubra suas expectativas, leia muito, aprenda a aprender, aprenda a ouvir, a entender, a fazer. Aprenda a ensinar e aprenda a conseguir resultados através de pessoas que também querem aprender e crescer.
O que fundamenta um empreendimento?
Você compraria algo caro que não precisa? Provavelmente não. A maioria dos nossos gastos de valor mais elevado, só se concretizam depois de muita análise.
Este raciocínio nos ajuda a compreender que todo empreendimento empresarial se fundamenta no atendimento a algum tipo de necessidade. Encontre uma necessidade coletiva que aguarda solução e você terá encontrado uma oportunidade de negócios. Quanto mais pessoas ou empresas pesquisadas revelarem necessidades semelhantes, maior será a oportunidade.
Por outro lado, como a escolha de um fornecedor normalmente se baseia na comparação com fornecedores alternativos, torna-se importante descobrir as expectativas dos clientes e encontrar maneiras de demonstrar que somos capazes de atendê-las.
Na cultura comercial norte-americana há um ditado que expressa bem esta idéia. – “Invente uma ratoeira melhor e o mundo fará fila na sua porta”.
Bola de cristal para reduzir os riscos.
Para minimizar os riscos, domine a habilidade de montar um Demonstrativo de Resultados do Exercício Projetado (DRE) e o Fluxo de Caixa Projetado. O DRE projetado é um documento que todos os contadores apresentam ao final de cada mês. Ele é um resumo das receitas, das despesas e do saldo. É uma espécie de relatório dos atos e fatos ocorridos. Este é o papel da contabilidade. Registrar fielmente o que ocorreu, sem distorcer uma vírgula.
O bom empreendedor deve montar um DRE projetado, antes de iniciar um negócio para ver se a projeção de receitas e despesas apresenta um saldo positivo ou negativo e por quantos meses esta situação tende a se repetir. Com estes dados se torna possível projetar o fluxo de entrada e saída de dinheiro para saber quanto de capital inicial será necessário para cobrir as despesas iniciais.
O DRE projetado pode ser considerado como a bola de cristal do empreendedor no que diz respeito ao propósito de avaliar o potencial de rentabilidade do negócio ao longo de um período.
Se os dados forem confiáveis e a previsão for razoavelmente aproximada, tanto no tocante às quantidades quanto aos valores de preço, custos e despesas, é possível prever se um negócio será rentável ou não. É possível ainda, determinar o ponto de equilíbrio, ou seja, quanto é necessário vender, de modo a cobrir pelo menos as despesas e manter a empresa até que o empreendimento comece a gerar lucro.
Um exemplo de DRE simplificado está disponível para download clicando aqui.
Pesquise muito, planeje com carinho, execute com determinação e não desista nas primeiras dificuldades. Lembre que os melhores marinheiros são forjados nas piores tempestades.
- Empreendedores!
Esta é a resposta que o nosso Brasil precisa para acabar com o fantasma do desemprego. - E o primeiro emprego é seu!
Paulo Henrique Wedderhoff
Empresário, Administrador de Empresas, ex-Professor da disciplina de Fundamentos da Administração